sexta-feira, julho 23, 2004

...e como hoje é sexta: Na Eletrola do Boteco
FUÁ NA CASA DE CABRAL
Mestre Ambrósio


Naquele Brasil antigo
Perdido no desengano
Seu Cabral chegou nadando
E não preocupou com nada
Deu ordem à rapaziada
Mandou barrer o terreiro
“Me chame o pai do chiqueiro
que hoje eu quero forró,
Toré, samba, catimbó
Que eu já virei brasileiro”

Foi gente de todo tipo
Na festa de seu Cabral
Português de Portugal
Raceado no Oriente
Negão bebeu aguardente
Caboclo foi na Jurema
Seu Cabral pediu um tema
Danou-se a cantar poesia
Até amanhecer o dia
Numa viola pequena

No fim da festa e da farra
Cabral não sentiu preguiça
Mandou logo rezar a missa
Pra ficar aliviado
Chamando o padre, apressado
Mandou começar ligeiro
Botando ordem no terreiro
Com seu maracá na mão
Jurando pelo alcorão
Que era crente verdadeiro

Mas na hora da verdade
Quando passou a cachaça
Seu Cabral sentou na praça
Caiu na reflexão
Disse: “Esta situação
Sei que nunca mais resolvo!”
Então falou para o povo:
“Juro que me arrependi
o Brasil que eu descobri
queria cobrir de novo!”

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